és cascata caladinha

Às vezes fico com a sensação de que a sociedade portuguesa não é capaz de se aperceber dos grandes saltos evolutivos que dá no momento em que acontecem, mas sim apenas alguns anos depois, olhando para trás, para os saudosos anos do “aí é que era bom”. Gosto de pensar que assumo aqui o papel de visionário, e obrigo-me a registar aqui o grande momento que a Democracia viveu esta tarde na cidade do Porto. Rui Rio ultrapassou a contemporaneidade; diria até, aproveitando a adequação da metáfora, que ultrapassou a contemporaneidade pela direita, sem fazer sinal e com o piso molhado. Numa estrada de campo. Com uma só faixa. À noite. Com as luzes desligadas. Com dois pneus furados. Se calhar já chega de metáfora. Se bem que agora uma referência ao slogan “este Rio não pode parar” também poderia ser apropriada. Mas adiante.

Esta tarde Rui Rio estabeleceu um conjunto de regras para o mandato que agora inicia; para a batalha que conhece agora os seus primeiros caminhos. Estabeleceu, vá, o seu “Mein Kampf” - ou o Kampf dele, para ser mais exacto. Por entre essas regras, a inovação: a partir de agora, entrevistas só por escrito. E com perguntas previamente combinadas. É realmente uma nova forma de ver a Democracia que se quer, nas palavras do edil da Invicta, “livre”. Ou seja, a Democracia de Rio é de tal forma livre que a informação chegará aos seus munícipes completamente polida de interpretações de agentes intermédios, leia-se jornalistas - esses bandidos. Para que possa ser entendida tal e qual como o emissor pretendeu que fosse. Não há cá frases soltas, não há lugar a tiradas infelizes, desapropriadas, sinceras e descabidas. Não senhor. A verdade, só a verdade, e nada mais que a verdade.

Ao que parece, esta iniciativa já era para ser tomada no primeiro mandato do executivo de Rui Rio mas, nas palavras da secretária do presidente, “é difícil encontrar lápis azuis à venda e comprando avulso, parecendo que não, ainda é uma despesa jeitosa.”.

DJ Literato

- Quem és tu, romeiro?
e o homem do leme disse, tremendo:
- El Rei D. João II.

As mulheres inglesas exigem a Tony Blair que, por razões de segurança, comecem a existir compartimentos separados para mulheres e homens nos autocarros e comboios. Ao que parece, o objectivo é, a curto prazo, garantir a evolução da sociedade britânica em pontos fulcrais, como é o caso da educação: existem já propostas inovadoras para criar escolas com salas separadas para rapazes e raparigas.

Sempre que como broa fico com soluços.

Gorduroso



"eu sou o avô cantigas e vejo o eclipse por batatas fritas"

Esta tecnologia do GPS fascina-me, embora ache que ainda há um caminho para percorrer, tal é o potencial deste serviço. Já era altura, no entanto, de traduzirmos a sigla. Global Positioning System dá um ar moderno, é verdade, mas temos de saber adaptá-lo. Sistema de Posicionamento Global seria talvez demasiado imediato, e SPG pode provocar mal-entendidos. Há imensas possibilidades. Agrada-me a simplicidade do VEA, Você Está Aqui, embora não resuma totalmente o serviço. Também é uma possibilidade seguir um outro caminho mais explicativo, como Então Isto Assim Como Que Envia Um Sinal, Não È? E o Satélite Manda Outra Vez Para Cá e Põe Assim Num Mapa E é Isso – mas EIACQEUSNESMOVPCPANMEI não é muito comerciável. Há que estudar bem esta questão.

Mas o que me interessa efectivamente analisar são as potencialidades deste serviço e a sua capacidade de aproximar a sua experiência de utilização à presença de um co-piloto real. E isto pode ser atingido de diversas formas. A voz irritante parece-me estar já bem conseguida, e aplaudo aqui os responsáveis. Mas muitas outras possibilidades se apresentam. Por exemplo, há naturalmente alturas em que o sinal de satélite não está disponível; nesses momentos, o sistema poderia informar o condutor através da repetição incessante da frase “E se parássemos para perguntar? E se parássemos para perguntar? E se parássemos para perguntar?”. Quando o caminho apresentado não for seguido pelo condutor, surgiria imediatamente a informação “Por onde julgas que estás a ir? Mandei-te ir por aí? Tens a mania que sabes, não é? Achas-te muito melhor do que um satélite, não é? Deves julgar que nasceste com um mapa implantado no cérebro, não é? Mesmo ao lado da tua estupidez natural, não é?”. Quando a indicação fosse para virar à direita e o condutor estivesse encostado à esquerda, a informação seria “É pela direita, estúpido. É pela direita, estúpido. É pela direita, estúpido.” E por aí fora. São possibilidades incontáveis, é o futuro.

Hoje, durante uma visita de campanha, uma cidadã de Lisboa queixava-se da falta de limpeza de um jardim da cidade. Maria José Nogueira Pinto, candidata do CDS à Câmara, não a deixou sem resposta: "é preciso uma mulher para limpar e arrumar!...".

O poder da emancipação.

A grande vantagem de estarmos com temperaturas de Verão no início de Outubro é que isto facilita muito a vida dos coitados que estão a começar a montar as luzes de Natal na cidade do Porto. Tinha sido muito complicado pôr a pé aquele boneco da Praça dos Poveiros se já estivesse a chover. Abençoada seca.




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